sábado, 15 de março de 2008

Contributo para o estudo epidemiológico da Leishmaniose em Bragança






Estudo apresentado no 12º Congresso Nacional da APMVEAC/9º Fecava Congress, Maio-2003




D.Diz Lopes1; F.T. Rodrigues1.
1- Clínica Veterinária Dr. Duarte Diz Lopes, Lda

A prática clínica em animais de companhia, durante mais de 10 anos, na região de Bragança, permitiu-nos diagnosticar e acompanhar a evolução de novos casos de leishmaniose em canídeos, conhecer a sintomatologia mais frequente, estabelecer protocolos de tratamento e efectuar o enquadramento epidemiológico na área da Saúde Animal e Pública. Não obstante a existência de referências bibliográficas à leishmaniose na zona do Alto Douro, desconhecíamos que o ciclo do Phlebotomus ocorresse na região de Bragança. Um número crescente de canídeos infectados, particularmente mais elevado nos últimos 2 anos alertou-nos para a necessidade de um melhor conhecimento desta doença. Em 2001 diagnosticámos 13 novos casos e, em 2002, o número ascendeu a 19 canídeos, contrastando com a média de 3 casos nos anos anteriores.
Apresentamos 19 novos casos clínicos que, sistematizámos em 2002, com quadro de informação que apresentamos em síntese
Avaliámos as temperaturas médias registadas pela Estação Meteorológica de Bragança no período de 1991 a 2002 (quadro 2). Verificámos que existiu um aumento da temperatura média anual ao longo destes 12 anos.

Quadro 2. Temperaturas Médias anuais 1991 / 2002 (Estação Met. Bragança) No capítulo da Saúde Pública e da informação recolhida junto da Sub-Região de Saúde de Bragança, não foi notificado qualquer caso de leishmaniose visceral nos últimos 10 anos. Tal como referido por diversos autores a incidência em humanos, mesmo em zonas endémicas é muito baixa, o que não justifica o recurso sistemático à eutanásia de cães infectados.

Consideramos que o aumento do número de novos casos de leishmaniose em canídeos na região de Bragança se deve entre outras causas à maior diversidade de raças susceptíveis e às alterações climatéricas, tendo sido registado um aumento da temperatura média verificada nos últimos 12 anos, mais de 1,5ºC, e também um acréscimo de albufeiras, que terão permitido uma melhor adaptação ambiental do Phlebotomus à região.


Agradecimentos:
Helena Velasco, Bina, Luís Caramelo e Publidigital.

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