domingo, 16 de março de 2008

Babesiose Canina – Estudo Epidemiológico no Nordeste Transmontano 2005/2006

Estudo apresentado no 7º Encontro da Sociedade Portuguesa de Epidemiologia e Medicina Veterinária Preventiva
Peniche, 24 e 25 de Novembro de 2007



D.Diz Lopes1; F.T. Rodrigues1;
1- Médico Veterinário, Bragança


Numa época em que tanto se fala de doenças emergentes, particularmente as transmitidas por vectores artrópodes, e em que temos vindo a constatar na nossa prática clínica um número crescente de casos de Babesiose e de Leishmaniose, considerámos oportuno começar a recolher de forma sistemática dados clínicos relevantes que ajudassem a conhecer melhor a epidemiologia destas doenças na nossa região.
Pretendemos com este estudo, que assenta somente na nossa experiência clínica e curiosidade científica, contribuir para um melhor conhecimento epidemiológico da Babesiose Canina no Nordeste Transmontano.
Recolhemos os dados de 49 canídeos diagnosticados com Babesiose Canina e confirmados laboratorialmente por esfregaço de sangue periférico corado com Diff-Quick de 1 de Janeiro de 2005 a 31 de Dezembro de 2006.
Do total de canídeos em estudo, 61% tinham aptidão de caça, sendo os podengos a raça mais representativa (53%).
Não obstante a dispersão dos casos pelos Concelhos de influência da Clínica - Bragança, Vinhais e Vimioso - verificou-se um numero elevado (39%) na área envolvente à Serra da Nogueira, uma zona de caça por excelência, com muita vegetação e que possui a maior extensão de carvalho negral, Quercus pyrenaica, do País.
Durante os dois anos em análise não diagnosticámos qualquer caso nos meses de Julho, Agosto e Setembro, sendo os meses em que tivemos um maior número de diagnósticos positivos os de Dezembro e Março, com 7 casos em cada um deles.
Em quatro casos clínicos verificámos que existia uma co-infecção, 2 casos com Erlhichia, 1 com Hepatozoon e outro com Leishmania.
Nem sempre foi possível identificar os ixodídeos vectores, no entanto num dos casos reportados, que contou com a colaboração do Centro de Estudos de Vectores e Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (CEVDI/INSA), confirmou-se que os ixodídeos eram da espécie Dermacentor reticulatus.
A dispersão na região do Dermacentor reticulatus e, em particular, na área do Parque Natural de Montesinho tinha sido já confirmada num estudo realizado pelo CEVDI/ INSA, em que participámos, que num total de 76 ixodideos recolhidos de Setembro a Novembro de 2004, confirmou que 36 (47%) eram da espécie Dermacentor reticulatus, ocorrendo estes em maior número no mês de Novembro.

Concluímos com este estudo que o período de maior risco para Babesiose Canina no Nordeste Transmontano decorre durante as estações de Outono e Inverno, os canídeos com aptidão de caça são os mais susceptíveis e que o Dermacentor reticulatus poderá ser a espécie de ixodídeo com maior importância na transmissão desta doença.

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