Leishmaniose - Estudo Clínico no Nordeste Transmontano
D.Diz Lopes; F.T. Rodrigues.
Clínica Veterinária Dr. Duarte Diz Lopes, Lda, Bragança
A leishmaniose canina é uma doença sistémica causada por um protozoário intracelular Leishmania infantum, cujo vector é um insecto do género Phlebotomus. É uma zoonose, endémica nos países mediterrânicos. Os estudos epidemiológicos realizados em Trás-os-Montes referem a infecção por Leishmania como sendo endémica nesta região.
Entre Janeiro de 2002 e Dezembro de 2006, num total de 2.436 cães observados na nossa prática clínica e provenientes dos 12 concelhos do distrito de Bragança, foram diagnosticados 117 cães com leishmaniose (4,8%), tendo sido efectuado um registo informatizado dos dados clínicos obtidos.
Quadro 1.
Raças | Total cães observados (02-06) | Nº cães sintomáticos | % (dos 117 sintomáticos) | % (susceptibilidade da raça) |
Indeterminada | 854 | 18 | 15,4 | 2 |
Podengo | 301 | 13 | 11,1 | 4 |
Epagneul Breton | 52 | 12 | 10,3 | 23 |
Rottweiler | 100 | 10 | 8,5 | 10 |
Perdigueiro | 80 | 9 | 7,7 | 11 |
Pastor alemão | 106 | 9 | 7,7 | 9 |
Boxer | 43 | 8 | 6,8 | 19 |
Labrador | 35 | 5 | 4,3 | 14 |
Husky Siberiano | 58 | 4 | 3,4 | 7 |
Doberman | 14 | 4 | 3,4 | 29 |
Samoyedo | 7 | 2 | 1,7 | 29 |
Outras | 786 | 23 | --- | --- |
TOTAL | 2.436 | 117 | 4,8% | |
Foi também efectuada uma recolha das temperaturas médias observadas na Estação Meteorológica de Bragança durante o período em análise. Compararam-se os casos positivos por ano, com os valores das temperaturas médias.
Quadro 2.
Ano | Total cães observados | Casos leishmaniose | % casos leishmaniose | Temperaturas médias anuais |
2002 | 389 | 19 | 4,9 | 12,6 |
2003 | 350 | 24 | 6,9 | 13,2 |
2004 | 489 | 18 | 3,7 | 12,5 |
2005 | 530 | 22 | 4,2 | 12,7 |
2006 | 678 | 34 | 5,0 | 13,4 |
Da análise dos dados recolhidos podemos concluir que há uma aparente maior susceptibilidade de algumas raças, tal como verificado no Quadro 1, particularmente nas raças Doberman (29%), Samoyedo (29%), Epagneul Breton (23%) e Boxer (13%). Por outro lado, os cães de raça indeterminada, não obstante constituírem o maior número de cães observados e cães positivos em termos absolutos, apenas representam uma percentagem de 2% no que toca a susceptibilidade da raça.
Verificou-se também uma aparente correlação positiva entre o nº de casos de leishmaniose e as temperaturas médias anuais (Quadro 2), sendo que os anos mais quentes, 2003 e 2006, foram os que apresentaram a maior percentagem de casos positivos, 6,9% e 5% respectivamente. Desta correlação positiva podemos concluir que nos anos mais quentes pode existir um maior risco de infecção por Leishmania.
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