sábado, 21 de junho de 2008

Comunicação -Congresso APMVEAC / Junho 2008

Leishmaniose - Estudo Clínico no Nordeste Transmontano

D.Diz Lopes; F.T. Rodrigues.

Clínica Veterinária Dr. Duarte Diz Lopes, Lda, Bragança

A leishmaniose canina é uma doença sistémica causada por um protozoário intracelular Leishmania infantum, cujo vector é um insecto do género Phlebotomus. É uma zoonose, endémica nos países mediterrânicos. Os estudos epidemiológicos realizados em Trás-os-Montes referem a infecção por Leishmania como sendo endémica nesta região.

Entre Janeiro de 2002 e Dezembro de 2006, num total de 2.436 cães observados na nossa prática clínica e provenientes dos 12 concelhos do distrito de Bragança, foram diagnosticados 117 cães com leishmaniose (4,8%), tendo sido efectuado um registo informatizado dos dados clínicos obtidos.

Quadro 1.

Raças

Total cães observados

(02-06)

Nº cães sintomáticos

%

(dos 117 sintomáticos)

%

(susceptibilidade da raça)

Indeterminada

854

18

15,4

2

Podengo

301

13

11,1

4

Epagneul Breton

52

12

10,3

23

Rottweiler

100

10

8,5

10

Perdigueiro

80

9

7,7

11

Pastor alemão

106

9

7,7

9

Boxer

43

8

6,8

19

Labrador

35

5

4,3

14

Husky Siberiano

58

4

3,4

7

Doberman

14

4

3,4

29

Samoyedo

7

2

1,7

29

Outras

786

23

---

---

TOTAL

2.436

117

4,8%

Foi também efectuada uma recolha das temperaturas médias observadas na Estação Meteorológica de Bragança durante o período em análise. Compararam-se os casos positivos por ano, com os valores das temperaturas médias.

Quadro 2.

Ano

Total cães observados

Casos

leishmaniose

% casos leishmaniose

Temperaturas

médias anuais

2002

389

19

4,9

12,6

2003

350

24

6,9

13,2

2004

489

18

3,7

12,5

2005

530

22

4,2

12,7

2006

678

34

5,0

13,4

Da análise dos dados recolhidos podemos concluir que há uma aparente maior susceptibilidade de algumas raças, tal como verificado no Quadro 1, particularmente nas raças Doberman (29%), Samoyedo (29%), Epagneul Breton (23%) e Boxer (13%). Por outro lado, os cães de raça indeterminada, não obstante constituírem o maior número de cães observados e cães positivos em termos absolutos, apenas representam uma percentagem de 2% no que toca a susceptibilidade da raça.

Verificou-se também uma aparente correlação positiva entre o nº de casos de leishmaniose e as temperaturas médias anuais (Quadro 2), sendo que os anos mais quentes, 2003 e 2006, foram os que apresentaram a maior percentagem de casos positivos, 6,9% e 5% respectivamente. Desta correlação positiva podemos concluir que nos anos mais quentes pode existir um maior risco de infecção por Leishmania.